Este painel, de formato recortado, encontra-se assinado por Jorge Colaço e está datado de Lisboa, a 21 de Dezembro de 1933.
O painel representa as vindimas e insere-se no tipo de pintura de costumes que celebrizou Jorge Colaço.
Em primeiro plano vemos mulheres a cortar os cachos, ao passo que no segundo plano está um carro de bois com uma dorna e há mulheres com gamelas em forma de masseira à cabeça, cheias de uvas, parecendo fazer fila para deitar as uvas nessa dorna. O painel é enquadrado por molduras de gosto revivalista barroco, arquitecturas fingidas e concheados, evocando o período rococó inicial, tudo pintado em tons de azul sobre fundo branco.
O silhar é policromo e no seu friso combina “ferronneries” com enrolamentos e festões de folhas e flores. A cercadura é um friso com florões.
Jorge Colaço (1868-1942)
Desenhador, caricaturista e pintor que se especializou como pintor de azulejos, foi um dos melhores e mais influentes artistas portugueses do fim do século XIX e do primeiro terço do século XX.
Teve um papel marcante na história da azulejaria portuguesa, que em grande medida reavivou e reinventou, ainda que quase sempre se tenha inspirado na azulejaria tradicional do país. Foi nos primeiros anos do século XX que Jorge Colaço começou a experimentar a pintura sobre azulejo. Esta e outras aplicações azulejares da Quinta do Pico da Abelheira assinadas por Jorge Colaço são da fase em que colaborava maioritariamente com a Fábrica Lusitânia, de Lisboa, ainda que trabalhasse também de forma independente.
Chafariz com aplicação azulejar não datada, de autoria de Jorge Colaço
Chafariz de espaldar em alvenaria com painel figurativo de Jorge Colaço, por ele assinado mas não datado.
É um painel de desenho elaborado, com predomínio das molduras inspiradas no gosto barroco e das superfícies que conferem a ilusão de volume.
Ao centro, sobre a bica, temos a clássica cena de costumes da ida à fonte da aldeia, altura em que os rapazes aproveitavam para galantear as raparigas, evitando o olhar controlador dos respectivos pais. A jovem mulher galanteada segura um cântaro à cintura, ao passo que o homem que a olha tem o varino numa mão e a enxada na outra, apoiada sobre o ombro. Em segundo plano, um burro bebe água do tanque da fonte e duas mulheres olham de soslaio para o casal. O pano de fundo é uma aldeia.
Jorge Colaço (1868-1942)
Desenhador, caricaturista e pintor que se especializou como pintor de azulejos, foi um dos melhores e mais influentes artistas portugueses do fim do século XIX e do primeiro terço do século XX.
Teve um papel marcante na história da azulejaria portuguesa, que em grande medida reavivou e reinventou, ainda que quase sempre se tenha inspirado na azulejaria tradicional do país. Foi nos primeiros anos do século XX que Jorge Colaço começou a experimentar a pintura sobre azulejo. Esta e outras aplicações azulejares da Quinta do Pico da Abelheira assinadas por Jorge Colaço são da fase em que colaborava maioritariamente com a Fábrica Lusitânia, de Lisboa, ainda que trabalhasse também de forma independente.
Chafariz de espaldar também com coroamento simulando beiral de recorte ondulado, evocando o gosto revivalista barroco e dentro do espírito da “Casa Portuguesa”. Jorge Colaço assinou o respectivo painel figurativo, em Lisboa, a 15 de Agosto de 1934. O painel, de pequena dimensão, representa uma cena galante em contexto campestre: um fidalgo com o seu cavalo fala com uma pastora.
O painel é monocromático, pintado em azul, e encontra-se enquadrado por molduras de inspiração barroca, que o recortam. Na parte inferior do painel existe um mascarão pintado em azul, de cuja boca sai a água para a pia, esta esculpida em pedra vulcânica e com o formato de uma concha. O espaldar apresenta friso de cercadura em azulejo, também revelador do estilo de Jorge Colaço: policromo e com ligeiro relevo, representando uma sequência de quadrifólios inscritos em losangos, complementados por tarjas de azul. Abaixo da pia existem também azulejos em tons de laranja e amarelo, os quais imitam um padrão neoclássico em aspa.
Em toda esta aplicação azulejar, a tradição da azulejaria portuguesa, sobretudo dos períodos barroco e neoclássico, alia-se à inovação trazida por Colaço, visível sobretudo na técnica de execução das cercaduras.
Jorge Colaço (1868-1942)
Desenhador, caricaturista e pintor que se especializou como pintor de azulejos, foi um dos melhores e mais influentes artistas portugueses do fim do século XIX e do primeiro terço do século XX.
Teve um papel marcante na história da azulejaria portuguesa, que em grande medida reavivou e reinventou, ainda que quase sempre se tenha inspirado na azulejaria tradicional do país. Foi nos primeiros anos do século XX que Jorge Colaço começou a experimentar a pintura sobre azulejo. Esta e outras aplicações azulejares da Quinta do Pico da Abelheira assinadas por Jorge Colaço são da fase em que colaborava maioritariamente com a Fábrica Lusitânia, de Lisboa, ainda que trabalhasse também de forma independente.
Painéis figurativos de Jorge Colaço, do ano de 1938. Encontram-se nas alas de um banco em pedra vulcânica.
Um deles está datado de 2 de Fevereiro de 1938 e representa uma cena campestre de costumes, dividida em dois planos paralelos: no da esquerda, uma mulher com cântaro à frente de duas medas, localmente conhecidas como “cafuões”, parece interagir com um homem posicionado ao lado de uma besta carregada; no da direita, vários homens tocam instrumentos para que outros homens e mulheres dancem. Presenciam esta cena mais homens, mulheres e crianças. A figura que liga as duas cenas paralelas é uma mulher com cântaro à cabeça e outro cântaro entre o braço e a cintura, que também assiste à cena junto à besta de carga.
O outro painel, na ala oposta do banco, mostra nova cena campestre, embora apenas com um homem, no caminho, e uma mulher debruçada sobre o eirado da casa. No primeiro plano encontra-se o carro de bois carregado de milho, que o homem parece ter deixado para poder conversar com a mulher. A casa onde ela se encontra tem uma espécie de curral, com “cafuões”, um carro e barrotes encostados à parede. Este painel está datado de Lisboa a 25 de Janeiro de 1938.
Painel assinado por João Alves de Sá, com a curiosidade de ter um erro ortográfico.
O autor não está identificado, mas sabemos tratar-se do poeta saudosista António Correia de Oliveira (1878-1960). Aliás, a dita quadra surge em outros painéis de azulejo da mesma época em propriedades agrícolas de Portugal continental. O painel com esta quadra existente na Quinta do Pico da Abelheira terá sido também pintado na Fábrica Viúva Lamego, apesar de esta fábrica não ser mencionada no painel.
Painel não assinado.
Pintado a azul sobre fundo branco, mas com molduras policromas de recorte pronunciado e inspiração no barroco joanino, tem no centro versos de Humberto de Bettencourt.
Painel não assinado, com moldura de inspiração barroca pintada a azul sobre vidrado branco.
Painel alusivo ao soneto “Súplica”, de Raposo de Lima, escrito em 1953. Também da autoria de Victor Câmara, o painel apresenta uma moldura mínima com enrolamentos e concheados nos cantos superiores e uma ligeira policromia, com o amarelo a juntar-se ao tradicional azul sobre vidrado branco.
Este painel foi executado na Cerâmica Vieira, da Lagoa, em 1955.
O soneto em causa transparece nostalgia pelos tempos passados e inquietação pelas rápidas mudanças do mundo e dos seus valores. Pode ver-se um cenário de mar revolto e, em primeiro plano, um homem, uma mulher e uma criança, trajando vestes clássicas. Enquanto o homem olha o mar, a mulher abraça e protege a criança.
Painel de formato oval e aplicado num tradicional muro de suporte em pedra seca, vulcânica. Pintado a azul sobre vidrado branco, o painel é emoldurado por enrolamentos e representa a ninfa Flora, deusa da Primavera, sentada sob uma árvore, junto a um lago com cisnes. Encontra-se nua e envolvida por flores, tendo ao seu lado um cesto, também com flores.
O painel foi pintado em 1957 por Victor Câmara, Cerâmica Vieira, da Lagoa, em São Miguel. Este painel inclui ainda uma quadra de Rolando de Viveiros aludindo à beleza paisagística da ilha.
Este painel representa mulheres lavando a roupa num ribeiro, enquadradas por o que parecem ser hortênsias – flor que é imagem de marca da Ilha de São Miguel, por existir ao longo das bermas de algumas das suas estradas panorâmicas.
Ao fundo do painel, em plano superior, está uma localidade, destacando-se nela um edifício religioso. Este fundo está pintado muito na linha da azulejaria figurativa portuguesa da primeira metade do século XVIII.
O painel encontra-se assinado pela Faiança Battistini de Maria de Portugal, havendo também um monograma, correspondente ao pintor, o qual não pudemos decifrar com precisão, devido à degradação do azulejo e à sobreposição de pinceladas. Contudo, parece tratar-se do monograma do pintor João Rosa Rodrigues (1892-1962), que colaborou com a dita fábrica nas décadas de 1930 e 1940 e era discípulo de Leopoldo Battistini, tendo também pintado sobre tela, nomeadamente na técnica da aguarela. Este painel é todo pintado a azul sobre vidrado branco e apresenta a curiosidade de os azulejos não serem quadrados, mas rectangulares e mais estreitos, certamente para permitir uma melhor colocação em suporte côncavo.
O painel é complementado com uma quadra de Armando Côrtes-Rodrigues alusiva à água. Armando Côrtes-Rodrigues (1891-1971) nasceu em Vila Franca do Campo e foi escritor, dramaturgo, poeta e etnógrafo.